segunda-feira, 9 de abril de 2012

Confissões de um Feriado Santo


Com licença para um texto pessoal sobre meu feriado santo, okay? Pode pular esse, se quiser.
Em geral, “viagem” está no vocabulário das pessoas como o hobbie ou diversão perfeita: “a forma maravilhosa e única de descanso e abertura de novos horizontes, além da importância para o ego por proporcionar a oportunidade de conhecer novas pessoas e, é claro, entender culturas, costumes e novas visões de mundo” – definição enfática e poética de uma das pessoas mais verdadeiramente líricas e expressivas que conheço (minha louca tia).
Bem, em geral, para mim é uma tortura.
Não que eu seja um anti-social irremediável, veja bem: gosto de viajar, mas para lugares em que eu escolha ir e também escolha quando desejo ir. Lugares os quais sou obrigado a ir, seja onde ou pela circunstância que for, sinto-me estranhamente oprimido para fazer algo produtivo por necessidade – na verdade, eu sou daquele tipo chato de pessoa quando algo traz a etiqueta “obrigatório” já olha de canto. Pessoas assim tendem a ser rebeldes com a maioria das coisas. Hereditário, talvez, no meu caso.
E foi o que ocorreu neste feriado santo: malas e cuias para a casa de minha avó, no interior do estado, lugar o qual sou obrigado a ir no mínimo duas vezes por ano há mais de uma década. Até os dez anos eu adorava ir – toda criança de cidade (ou a maioria) adora se soltar nos interiores para brincar. Mas foi mais ou menos a partir dos onze que o vírus da cidade grande me infectou e, no meu caso, talvez seja irreversível. Sou um urbanóide completo, do tipo que não vive sem tecnologia, facilidade, imediatismos (culpa do Google) e vícios citadinos.
Ou seja: sou o monstrinho da família.
E são por esses vícios que viagens interioranas se tornam extremamente cansativas para mim. Vamos ser mais diretos? Tediosas. E como um perfeito bicho da Cidade, em todas as viagens a minha é a maior mochila. Mas aí você se engana se pensa que é cheia de roupas.
— Pra quê você precisa de um guia de Mitologia na casa da sua avó?! — Pergunta mamãe com sua comum indignação pré-viagem, olhando a pilha de roupas arrumadas sobre minha cama.
Na pilha: guia Zahar de Mitologia, “Comprometida, de Elizabeth Gilbert; última edição da revista Galileu, guia de bolso da nova reforma ortográfica, dicionário Oxford de língua inglesa, livro de fábulas de La Fontaine, bloco de fichário, caderno de anotações avulsas, agenda, lapiseira (sou contra canetas), borracha, grampeados e a pergunta que nunca cala: é o bastante??
Um detalhe: são dois dias de viagem.
Mas é o que acontece: é difícil um ser acostumado no meio urbano se tornar do campo facilmente – salvo em caso de saúde, emprego ou necessidade. Mamãe foi pelo terceiro motivo: ao conhecer o cavaleiro no alazão branco, robusto e charmoso – papai (que hoje está mais pr’um urso cansado e perdido) – mudou-se para viver com ele. Além de complicações familiares, foi uma difícil adaptação. Coisa comum pra muita gente.

Parei de escrever este texto por não saber mais o que colocar e por perceber que estava ficando chato e monótono (estava chato e monótono...?). Peguei para terminá-lo no fim da viagem.
Conclusão: não usei nem metade das coisas que levei.
Outra conclusão, agora tipo de fábula? Não encha a mochila quando for viajar: você vai cair na gandaia de uma forma ou de outra.
Fim do texto pessoal – desculpem-me por isso, pelo incômodo, piadinhas e muito obrigado.
P.S.: É sério o negócio da conclusão. Pois é, pois é, pois é...

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