O
assunto Deus para mim há algum tempo não era um discutível. Era uma verdade
absoluta; fora de cogitação alguma dúvida, até mesmo por conta de minha própria
criação: católica, de juntar as mãozinhas à noite todo dia e agradecer por cada
um destes.
Veio
o conhecimento, então – veio a Biologia,
para ser mais sincero –, e comecei a, gradativamente, passar a franzir o cenho
para certas afirmações. Vieram as opiniões alheias sobre religião e elas,
urrando em meus ouvidos enquanto eu amadurecia, começaram a me fazer questionar
cada vez mais em pensamento. Ganhei voz quando adquiri consciência crítica e,
finalmente, cuspi o que estava engasgado: as não concordâncias sobre certas
discrepâncias da Igreja.
Passei
por uma fase, então, de instabilidade emocional terrível que, se colocado
frente a frente a um especialista, sem dúvidas, seria diagnosticado com depressão
– se não isso, algo muito próximo. Tudo por conta de um pequeno problema de
saúde + término de relacionamento + hipocondria exagerada adquirida. Agarrei-me
na crença religiosa, então (típico), e minha esperança deística foi renovada
pela superação.
Em
algum momento confuso desta fase, porém, eu me vi sob uma enxurrada de
descrença e dúvidas. Por um tempo perverso, fui assombrado por medos que sempre
se resumiam a uma só pergunta: “Será que eu estou mesmo sozinho?”, porque, para mim, sempre foi um pavor acreditar
que não há nada ou ninguém me protegendo, que não há um Alguém olhando por mim,
andando comigo, me mostrando caminhos. A pior parte de tudo sempre foi imaginar
que a morte é o fim da linha. Fim da estrada. Que não há nada depois.
Parei
de ouvir outros pensamentos, por fim, e me dei aval para um egoísmo transcendental.
Sentei, pensei e pensei. Pensei sobre todos aqueles dogmas, preceitos e regras
da Igreja e, sinceramente, decidi seguir um só princípio: o bem. Vi-me sem
condições de levar um monte de normas nas costas e simplesmente sentei no meu
banquinho para acreditar em três coisas: fé, Deus e bem. Fé move montanhas – fé
é acreditar no invisível. Para ter fé, é preciso muita coragem; Deus é
superior, Deus é grande, Deus é tudo. Bem, independente de religião, está
sempre presente – do Budismo ao Islã: não há nada mais divino que o fazer e o
querer bem. Se você faz o bem sem hipocrisias é porque ama as pessoas – e eu
sou simplesmente perdidamente apaixonado por gente. Por pessoas.
Ainda
tenho minhas crises metafísicas, mas elas não me abalam tanto com antes, a
ponto de me fazerem duvidar de Deus. É como disse J.K. Rowling: “Sim. Não posso fingir que tenho dúvidas
sobre muitas coisas, e essa é uma delas, mas eu acredito sim”. Eu tenho dúvidas
sim – seria hipócrita se dissesse que não. Mas a verdade é que não sei viver
sem acreditar nEle; não sei continuar se não acreditar que há alguém comigo,
dentro de mim, à cada passo que dou. Não sei – não adianta. Quando tentei,
quase caí nos braços da Depressão; quando pedi, tive provas. Continuo tendo e,
mesmo se as não tivesse, eu amaria este Deus com todo meu eu incessantemente,
pois necessito deste amor para dar um sentido à vida.
Porque
é quando pensamos sermos super-heróis que vemos de quem é a verdadeira
grandeza.
Bonito.
ResponderExcluir